SPECT

Se você visitar a página de textos sobre procedimentos diagnósticos do meu blog, vai encontrar um artigo falando sobre o PET-CT e outro falando sobre cintilografia. Além de serem os dois exames mais conhecidos da Medicina Nuclear, há outro motivo para eu ter primeiro escrito sobre eles: a partir dessas referências, fica mais fácil explicar o SPECT.

Ele é um exame tomográfico, assim como o PET-CT e a tomografia computadorizada. O nome SPECT vem da sigla de termos em inglês: Single photon emission computed tomography, que em português significa “tomografia computadorizada por emissão de fóton único”.

Em outras palavras, como no PET-CT, há as imagens em cortes tomográficos e emissão de pósitrons: no caso do SPECT, de fóton. Então, neste texto, vamos explicar melhor o exame e apresentar as diferenças em relação ao PET-CT e à cintilografia de imagens planas.

O que é?

Assim como a cintilografia com imagens planas e o PET-CT, o SPECT é um exame de imagem, uma cintilografia com cortes tomográficos. Além disso, o SPECT pode ser realizado junto à tomografia computadorizada. Neste caso, temos um método de exame híbrido, assim como o PET-CT: o SPECT-CT. Estes dois últimos, como já dissemos, tem uma característica em comum: na prática, eles realizam simultaneamente dois exames. Um de imagem em cortes tomográficos e outro por emissão de radiação. Ao sobrepor as imagens, é formada a visualização final.

O SPECT é uma tecnologia acoplada à cintilografia tradicional, a de imagens planas, uma vez que utiliza-se do mesmo equipamento e do mesmo radiotraçador injetado no paciente. A radiação emitida pelo órgão ou tecido analisado é do tipo gama. E retomando aqui algumas lições da Física, as ondas dos raios gama são as de maior frequência de todo o espectro eletromagnético e concentram muita energia. No decaimento radioativo no qual há liberação de energia na forma de radiação gama, há emissão de fótons de altíssima energia.

É por causa desse princípio físico que chamamos o exame de “tomografia computadorizada por emissão de fóton único”. Quem capta o fóton é a mesma gama câmara que descrevemos no texto sobre cintilografia de geração de imagens planas A diferença – e evolução – dela em relação ao SPECT é que ele  gera imagens em cortes tomográficos.

SPECT: para que serve?

Usamos o SPECT para conseguir imagens funcionais que ajudam a verificar a fisiologia de um determinado órgão ou sistema do corpo que pode estar alterada devido a uma doença. Nunca é demais lembrar que o SPECT gera imagens tridimensionais.

Dado que o princípio do SPECT é o mesmo da cintilografia que gera imagens planas, as aplicações são semelhantes. Usamos o SPECT frequentemente em análises ósseas e cardiológicas. Mas há outras diversas aplicações do SPECT:

  • Hepáticas → para caracterização do fluxo sanguíneo do fígado ou de outros órgãos e tecidos do sistema hepático
  • Gástricos → nas pesquisas de sangramento digestivo ativo ou intermitente, de divertículo de Meckel, entre outros
  • Renais → na caracterização do fluxo renal e avaliação da função dos rins.

Nos últimos anos houve uma intensa evolução nos equipamentos que realizam o exame. Apesar de ainda serem usados os que têm apenas uma câmara gama, encontramos com frequência equipamentos com duas e até três câmaras. Na terminologia da Medicina Nuclear, chamamos de “cabeça” cada uma das câmaras gama do equipamento SPECT.

A quantidade de cabeças altera sensivelmente o tempo de aquisição da imagem. Enquanto em um SPECT com apenas uma câmara gama pode-se demorar até 45 minutos para realizar todo o procedimento para aquisição das imagens, em um de três câmaras o procedimento pode durar apenas 10 minutos.

Dado que o princípio de captação de imagens moleculares do SPECT é o mesmo da cintilografia que gera imagens planas, ou seja, há a necessidade da captação do brilho ou “cintilação” da radiação gama, usamos os mesmos radiofármacos nos dois exames. Os mais comumente utilizados são o tecnécio 99 metaestável, o cloreto de tálio-201, o iodeto de Sódio I-123 e I-131, o citrato de gálio-67 e o oxim de índio-111.

Pacientes e colegas médicos que estejam enfrentando uma situação na qual possa ser necessário um exame de imagens moleculares tridimensionais na etapa de diagnóstico: fiquem à vontade para me procurar! Terei muito prazer em explicar os benefícios do SPECT e chamar a atenção para possíveis desvantagens do exame. Para os que estão na região de Porto Alegre, podemos marcar uma vinda ao Inscer!