Medicina Nuclear: o que é?

A Medicina Nuclear é a especialidade médica que se dedica ao estudo e uso de materiais radioativos com o objetivo de diagnosticar e tratar pacientes. No Brasil, os primeiros títulos emitidos dessa especialidade datam de 1968. Mas sete anos antes já havia sido criada a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, a associação profissional mais importante da área no país.

Os materiais radioativos usados nos pacientes são conhecidos como radiofármacos. A atividade radioativa dessas substâncias é mínima, o que os torna bastante seguros para serem utilizados com fins diagnósticos ou terapêuticos.

O uso da radiação e da radioatividade na Medicina é antigo, datam da virada do século XIX para o século XX. Contudo, pelas primeiras 4 décadas do século XX, ainda havia pouca regulação legal sobre o uso de radiofármacos. É a partir do Ato Público de Serviços de Saúde de 1944, emitido pela Agência de Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos, a FDA, que os radiofármacos começaram a ser regulados.

Essa decisão refletiu na Medicina Nuclear em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ainda na segunda metade da década de 1940 a médica e professora Verônica Eston, da Universidade de São Paulo (USP), funda na Universidade o Laboratório de Isótopos da Cátedra de Química Fisiológica. Junto ao seu marido Ted, Verônica desenvolveu as primeiras pesquisas no país de aplicação de materiais radioativos em pacientes. Essas pesquisas foram muito importantes para a evolução da Medicina Nuclear no Brasil.

Medicina nuclear

Diagnósticos com radiofármacos

A principal colaboração que a Medicina Nuclear traz no diagnóstico de pacientes é nos exames de imagem. Apesar do PET-CT ser o mais conhecido, há a atuação de médicos nucleares em vários outros exames, como as cintilografias – também conhecidas como gamagrafias.

Apesar de diferenças na realização dos exames, alguns procedimentos são comuns a todos. Um deles é a injeção de radiofármacos. Estes viabilizarão a identificação das condições e funcionamento dos órgãos, tecidos e possíveis tumores do paciente.

Os radiofármacos injetados previamente aos exames de imagem são conhecidos como radiotraçadores. Normalmente a injeção é intravenosa e realizada poucos minutos ou horas antes da efetiva realização do exame.

Esses radiotraçadores geralmente são formados pela união de um radioisótopo e uma molécula fisiológica. Aquele cumpre a função de emitir, dentro do corpo do paciente, uma onda eletromagnética captável pelos equipamentos de imagem. A molécula fisiológica é o traçador: uma molécula que executa uma função semelhante à do órgão ou tecido a ser examinado. Assim, nas imagens resultantes dos exames, é possível identificar se o comportamento dos órgãos e tecidos está adequado ou se há alguma disfunção.

 

Medicina Nuclear com fins terapêuticos

No tratamento, a Medicina Nuclear atua principalmente em pacientes com tumores diagnosticados. Nesses casos os radiofármacos cumprem uma função um pouco diferente dos que são utilizados nos exames de imagem.

Enquanto os radioisótopos que compõem os radiotraçadores normalmente emitem radiação gama, os radiofármacos para fins terapêuticos emitem partículas alfa e beta. Elas têm alto poder de ionização, mas baixa capacidade de penetração nos tecidos.

No organismo dos pacientes, esses medicamentos vão encontrar as células tumorais. Estas tem, em sua membrana de superfície, diferentes tipos de receptores – proteínas que tem a função de transmitir informação para o interior das células. Ao encontrar as células tumorais, os radiofármacos se ligam a esses receptores e emitem radiação alfa ou beta que destroem o DNA da célula, levando à morte celular.

É importante destacar que os radiofármacos são desenvolvidos para interagir especificamente com as células tumorais. Sendo assim, o dano em tecidos saudáveis é mínimo.

Além da atuação no diagnóstico e no tratamento, a Medicina Nuclear é uma das especialidades da Medicina que mais contribui com o “teragnóstico: campo da Medicina que preocupa-se em realizar o diagnóstico e tratamento ao mesmo tempo. No caso da Medicina Nuclear, alguns radiofármacos cumprem dupla função: emitem radiação gama para identificar os tumores e partículas alfa ou beta para destruí-los.

Medicina nuclear

Nunca é demais lembrar que, tanto para fins diagnósticos quanto terapêuticos, a quantidade de radiação emitida pelos radiofármacos é muito pequena e não traz prejuízos ao organismo. Os níveis de radiação de pacientes que utilizam radiofármacos volta ao normal depois de poucos dias da aplicação.

Os médicos nucleares usam tecnologia de ponta para tratar pacientes com doenças complexas. Normalmente esses casos já passaram por diagnósticos clínicos prévios antes de serem encaminhados para investigação mais minuciosa. Sendo assim, a atuação do médico nuclear está sempre em íntima conexão com o médico especialista que acompanha o paciente. Todos os procedimentos na Medicina Nuclear sempre são definidos conjuntamente com o paciente e com seu especialista responsável.