Diagnósticos na Medicina Nuclear

Um dos principais campos de atuação da Medicina Nuclear é o estudo e uso de materiais radioativos em diagnósticos de condições e patologias de pacientes. Seja na pesquisa, análise e seleção de radiotraçadores, seja no planejamento e acompanhamento dos exames de imagem, a médica nuclear atua para que a tecnologia seja usada para aumentar a precisão no diagnóstico do paciente.

Foi inclusive, com fins diagnósticos, que a Medicina Nuclear “nasceu”. Em 1925, em procedimento conduzido pelo cardiologista Herrman Blumgart e seu colega e ainda estudante de medicina Otto C. Yens, foi analisada a velocidade do fluxo sanguíneo de braço a braço usando o rádio C, um radiotraçador obtido do bismuto.

De lá para cá, os diagnósticos na Medicina Nuclear evoluíram muito. Os radiotraçadores atualmente são fundamentais para a realização de exames de imagem cada vez mais precisos. O aprimoramento da tecnologia, tanto no desenvolvimento dos radiotraçadores quanto na produção de equipamentos mais eficazes, aumentou enormemente a acurácia dos exames.

 

Diagnósticos na Medicina Nuclear: histórico e função dos radiotraçadores

As propriedades radioativas dos materiais começaram a ser intensamente estudadas na Europa no final do século XIX. Na virada do século XIX para o XX, principalmente por causa das pesquisas de William Crookes, Wilhelm Röntgen, Antoine Becquerel, Ernest Rutherford, Paul Villard, Pierre e Marie Curie, já se sabia que algumas substâncias poderiam, espontaneamente, emitir radiação.

Diagnósticos

O uso delas em seres vivos, com a intenção de identificar como efetivamente transcorrem funções biológicas, ganhou uma enorme contribuição com os resultados alcançados por George de Hevesy, em estudo realizado em 1923. No experimento, Hevesy irrigou feijão com uma solução que continha isótopos de chumbo e depois incinerou a planta para medir a radioatividade nas cinzas.

Apenas dois anos depois do experimento de Hevesy, Herrman Blumgart e Otto C. Yens realizaram o já citado procedimento usando radiotraçadores para verificar a velocidade do fluxo sanguíneo de um braço a outro. O artigo científico que detalha o estudo – e que pode ser considerada a “certidão de nascimento” da Medicina Nuclear – está online e disponível!

A partir de 1934, com a descoberta da possibilidade de criação artificial de isótopos, abriu-se um enorme campo de possibilidades para uso diagnóstico e terapêutico da Medicina Nuclear. Os estudos do casal Frédéric Joliot e Irène Curie – filha de Pierre e Marie -, bombardeando elementos com partículas alfa, constataram a possibilidade de criação artificial de isótopos. No experimento, a partir do bombardeamento de uma folha de alumínio, foram obtidos isótopos radioativos de fósforo.

Nos últimos 90 anos vivenciamos um avanço acelerado na tecnologia para o desenvolvimento de novos radiotraçadores, cada vez mais seguros e precisos. Mas sua função, desde os experimentos de Hevesy e de Blumgart & Yens, permanece a mesma: identificar a condição e funcionamento de órgãos, tecidos e possíveis tumores dos pacientes.

Como explicamos no texto sobre Medicina Nuclear, os radiotraçadores geralmente são formados pela união de um radioisótopo e uma molécula fisiológica. Aquele cumpre a função de emitir, dentro do corpo do paciente, uma onda eletromagnética captável pelos equipamentos de imagem. A molécula fisiológica é o traçador: ela executa uma função semelhante à do órgão ou tecido a ser examinado. Assim, nas imagens resultantes dos exames, é possível identificar se o comportamento dos órgãos e tecidos está adequado ou se há alguma disfunção.

Principais exames da Medicina Nuclear

Os exames na Medicina Nuclear tem várias aplicações e podem ser realizados para analisar praticamente todas as regiões e órgãos do corpo. Apesar dos usos serem diversos, os exames dividem-se em dois: as cintilografias e o PET-CT.

As cintilografias, também conhecidas como gamagrafias, são exames de imagem realizados com o uso de uma câmara gama. Ela detecta a cintilação emitida pelo radiotraçador que está no paciente.

O princípio de funcionamento da cintilografia é detectar a luz, emitida por elementos radioativos, que são captadas apenas pelo espectro gama. Para que o exame aconteça, o paciente recebe, de forma oral ou intravenosa, um radiotraçador. Após algum tempo, o paciente é encaminhado para a câmara gama – um equipamento grande, muito semelhante a uma câmara de ressonância magnética. Nela o paciente é exposto aos raios gama, que conseguem captar a luz emitida por radioisótopos. A variação das cores e da intensidade da luz emitida pelos radiotraçadores indica a forma e funcionamento dos órgãos e tecidos. Analisando as imagens, os médicos nucleares já conseguem dizer se o órgão ou área analisada está funcionando corretamente ou se há alguma disfunção.

O PET-CT é o exame mais famoso e completo da Medicina Nuclear. Seu nome é a conjugação de duas siglas de expressões em inglês: “Positron Emission Tomography” e “Computed Tomography”. Traduzindo para o português, os termos significam “Tomografia por Emissão de Pósitrons” e “Tomografia Computadorizada”.

Diagnosticos

Só de conhecer os termos que formam o nome do exame já dá para ter uma ideia de como ele funciona. Os pósitrons são emitidos pelos radiotraçadores que o paciente recebe, procedimento idêntico ao que é feito na cintilografia, antes do paciente entrar na câmara gama. A principal diferença entre a cintilografia e o PET-CT está no tipo de radiação utilizado para gerar as imagens. Enquanto as cintilografias as geram por meio da energia dos raios gama, o PET-CT utiliza a dos pósitrons.
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As imagens 3D são especialmente úteis para analisar órgãos. Com elas, a médica nuclear pode avaliar o funcionamento do órgão retratado de forma mais completa, observando toda sua estrutura.

Nos últimos 90 anos, os diagnósticos da Medicina Nuclear avançaram bastante. Entretanto, eles ainda não são tão populares. Em grande medida, porque há um razoável desconhecimento em relação aos benefícios que os exames de imagem da Medicina Nuclear podem trazer, inclusive na própria comunidade médica.

Se você ainda tem dúvidas sobre como os exames da Medicina Nuclear podem te ajudar, entre em contato! Terei o maior prazer em explicá-los!