Câncer de mama
Estamos em outubro, mês no qual celebramos o combate ao câncer de mama. Como vocês já me viram dizer no texto sobre Medicina Nuclear, a especialidade auxilia principalmente os pacientes com suspeitas ou com diagnósticos de tumores. Sendo assim, para marcar o outubro rosa deste ano, vamos falar um pouco sobre o câncer de mama.
Ele caracteriza-se pela multiplicação desordenada de células anormais da mama. Os tumores manifestam-se majoritariamente na mama; entretanto, nódulos também podem aparecer nas axilas e no pescoço.
Apesar da doença atingir homens e mulheres, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que, no Brasil, menos de 1% dos casos acontecem em homens. Os 99% dos casos em mulheres representam, também, o segundo câncer mais prevalente do Brasil na população feminina: anualmente registram-se aproximadamente 74 mil novos casos no país – apenas o câncer de pele é mais comum.
Contudo, apesar de ser o segundo mais prevalente, o câncer de mama é o mais letal entre as mulheres no país, provocando a morte de aproximadamente 17.500 mulheres por ano. Tanto na prevalência quanto na letalidade, a caracterização da doença no país é equivalente à do resto do mundo. Em todo o planeta, o câncer de mama é o segundo mais prevalente entre as mulheres e o primeiro em letalidade. Entretanto, a taxa de mortalidade do país é sensivelmente maior que a do resto do mundo. Enquanto no Brasil a taxa é de 17,5, no mundo ela é de 15 para cada 100 mil mulheres.
Fatores de risco e sintomas
Como quase todos os tumores, o câncer de mama também é uma doença multifatorial, ou seja, são muitas as variáveis que podem provocar a doença. Entretanto, entre todos os fatores que aumentam o risco, um se destaca: a idade. Aproximadamente 80% dos casos de câncer de mama estão entre mulheres com mais de 50 anos.
Os vários fatores de risco que podem provocar a doença dividem-se em três grupos:
- Ambientais e/ou comportamentais
- Sobrepeso e obesidade
- Inatividade física
- Consumo de bebida alcoólica
- Exposição frequente à radiação ionizante
- Tabagismo
- Da história reprodutiva ou hormonais
- Primeira menstruação antes dos 12 anos
- Não ter tido filhos
- Primeira gravidez após os 30 anos
- Menopausa após os 55 anos
- Uso de contraceptivos hormonais
- Ter feito reposição hormonal após a menopausa, principalmente por mais de 5 anos
- Hereditários
- Histórico familiar de câncer no ovário
- Casos de câncer na família, principalmente antes dos 50 anos
- Casos de câncer de mama masculino na família
O principal sinal da doença é a manifestação de um caroço fixo e geralmente indolor na mama, axilas ou pescoço. Esse sinal se apresenta em 90% dos casos de câncer de mama, quando ele é percebido pela própria mulher.
Além dos nódulos, outros sintomas muito comuns são as retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; a saída de secreção aquosa ou sanguinolenta do mamilo; e a vermelhidão da pele da mama.
Importante deixar registrado que tanto o Inca quanto o Ministério da Saúde disponibilizam na Internet um vasto material sobre o câncer de mama. Para combater essa doença, a informação é uma das armas mais poderosas.
Cancêr de mama: diagnóstico e tratamento por meio da Medicina Nuclear
A maioria dos casos de câncer de mama precocemente diagnosticados são identificados pelas próprias portadoras por meio do autoexame. Obviamente que ele está longe de ser um exame conclusivo. Mas por ser extremamente simples de ser realizado, é uma prática que deve ser habitual entre as mulheres. Especialistas recomendam que o autoexame das mamas deva ser feito pelo menos uma vez por mês, preferencialmente logo após a menstruação.
O exame mais usado para diagnóstico de câncer de mama é a mamografia. Mulheres com 40 anos ou mais devem fazê-la anualmente, assim como as mulheres de 30 anos ou mais que possuem fatores de risco hereditários. Em mulheres mais jovens é comum que, ao invés da mamografia, seja recomendada a ultrassonografia da mama. Este exame é mais indicado para mulheres com mamas densas.
Nas situações em que a mamografia ou a ultrassonografia das mamas apresentam resultados inconclusivos, há exames da Medicina Nuclear que conferem mais precisão no diagnóstico: a cintilografia mamária e o PET-CT específico para mama. Este, além de ter ótima performance no diagnóstico da doença, também ajuda na avaliação de casos de tumores que avançaram para outras partes do corpo. Nos últimos anos, temos usado o radiotraçador fluoroestradiol marcado com flúor-18 (FES) em pacientes nos quais realizamos o PET-CT para avaliar a sensibilidade do câncer à hormônio terapia.
Por ser o segundo mais prevalente do país e o de maior letalidade, o câncer de mama é uma questão de saúde pública que coloca em atenção todo o sistema de saúde do país. Portanto, neste outubro rosa, reforçamos a importância do autoexame e do diagnóstico precoce da doença, além da importância da mamografia anual. Caso sejam necessários exames mais precisos para a detecção da doença, coloco-me à disposição dos colegas médicos e pacientes para explicar os benefícios da cintilografia mamária e do PET-CT, além de outros métodos diagnósticos da Medicina Nuclear.