Doença arterial coronariana

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre os anos 2000 e 2019, nenhuma doença no mundo foi mais letal que a doença arterial coronariana, também conhecida como doença cardíaca isquêmica. Esse fato é, em grande medida, consequência do estilo de vida da população do mundo – especialmente a ocidental.

Os dados sobre a doença arterial coronariana no Brasil acompanham os do resto do globo. Em janeiro de 2022 foi lançado o “Estatística Cardiovascular – Brasil 2021”, um robusto estudo fruto de um esforço conjunto de várias instituições. Ele apresenta dados abrangentes sobre as doenças cardiovasculares e AVC no país. De acordo com o estudo, as doenças cardiovasculares são o grupo de patologias que mais mata no Brasil e, dentre elas, a doença arterial coronariana é a causa de morte número 1.

No dia a dia da Medicina Nuclear, nos deparamos com vários casos de pacientes com doença arterial coronariana. Médicos Nucleares atuam principalmente na fase de diagnóstico, auxiliando cardiologistas e colegas de outras especialidades na caracterização detalhada do quadro de cada paciente.

Fatores de risco e sintomas

A doença arterial coronariana é uma doença cardiovascular caracterizada pelo estreitamento de uma ou mais artérias coronarianas. O estreitamento gera um fornecimento reduzido do fluxo de sangue oxigenado ao coração, que faz com que ele trabalhe mais para aumentar a circulação sanguínea no corpo. É o excesso de trabalho do músculo cardíaco que provoca a angina, a dor torácica característica da doença arterial coronariana.Na maioria dos casos, a causa do fluxo sanguíneo inadequado ao coração são os ateromas, placas de gordura que se acumulam nas paredes internas das artérias, estreitando-as. Esse processo é conhecido como aterosclerose.

Entretanto há outras possíveis causas para a redução do fluxo de sangue pelas artérias coronarianas:

  • Disfunção do endotélio, o tecido que reveste os vasos sanguíneos, que não se dilata em resposta à necessidade de maior fluxo
  • Fatores congênitos que levam a anormalidades em artérias coronarianas
  • Coágulo sanguíneo que viajou de uma das câmaras do coração até a artéria

Os principais fatores de risco para desenvolver a doença arterial coronariana estão relacionados aos hábitos de vida do indivíduo. Sedentarismo, alimentação de baixa qualidade – que geram obesidade e altos níveis de colesterol e lipoproteína no sangue -, além de tabagismo são os maiores responsáveis por criar as condições adequadas para o desenvolvimento da doença. Além deles há outros fatores incontroláveis, como:

  • Ser do sexo masculino
  • Idade avançada
  • Histórico de doença arterial coronariana precoce na família

O mais conhecido sintoma da doença arterial coronariana é a já citada angina, a dor aguda no peito. Outros sinais recorrentes são:

  • Falta de ar
  • Forte cansaço durante esforço ou atividade física
  • Dores ou desconfortos no corpo, especialmente em ombros, braços, costas e pescoço

Doença arterial coronariana: diagnóstico por meio da Medicina Nuclear

Como já mencionei neste texto, os procedimentos de diagnóstico da Medicina Nuclear são as principais contribuições da especialidade nos casos de doença arterial coronariana. A cintilografia e o PET-CT podem ser realizados tanto em pacientes com suspeitas da doença quanto naqueles que já foram diagnosticados, para entender a gravidade do caso.

Pelo fato de gerarem imagens moleculares, esses exames trazem grande auxílio na investigação de casos da doença. É graças a eles que é possível identificar, por exemplo, alterações metabólicas como a redução da atividade mitocondrial de miócitos isquêmicos.

Os dois exames da Medicina Nuclear mais utilizados em casos de doença arterial coronariana são a cintilografia de perfusão miocárdica e o PET cardiológico.

Na cintilografia de perfusão miocárdica, busca-se identificar e discriminar o fluxo sanguíneo do coração para verificar como está a irrigação de todo o órgão. Quem leu o texto sobre Diagnósticos da Medicina Nuclear vai se lembrar, inclusive, que experimentos para a análise do fluxo sanguíneo estão na gênese da Medicina Nuclear – a pesquisa de H. Blumgart e O. Yens pode ser considerada a “certidão de nascimento” da especialidade.

Já o PET Cardiológico é usado principalmente para detecção da viabilidade miocárdica, mais especificamente na avaliação do metabolismo do miocárdio, buscando definir e quantificar a vitalidade das células cardíacas. Para entender melhor o PET Cardiológico, recomendo o vídeo PET-CT além da Oncologia – PET Cardíaco e Artrites inflamatórias, do canal PET-CT sem mistério.

Colegas cardiologistas que estejam acompanhando pacientes portadores da doença arterial coronariana e queiram conhecer os benefícios dos exames da Medicina Nuclear podem entrar em contato comigo – terei prazer em explicá-los! Aos que estão na região de Porto Alegre, podemos agendar uma visita ao InsCer para conversar e apresentar as técnicas diagnósticas.