Linfomas
Neste primeiro texto sobre as patologias com as quais os médicos nucleares mais comumente se deparam, vamos falar do linfoma. E normalmente a primeira dúvida que aparece sobre esse tema é: linfoma é câncer?
Sim, o linfoma é um tipo de câncer. Mais especificamente um que se manifesta no sistema linfático, em qualquer uma de suas estruturas: nos vasos linfáticos, nos órgãos linfóides primários e secundários ou nos linfonodos.
Os linfomas correspondem a aproximadamente 5% dos casos de câncer no mundo. No Brasil, eles são o oitavo tipo de câncer mais prevalente, sendo diagnosticados quase 15 mil novos casos todos os anos.
Os linfomas desenvolvem-se a partir dos dois tipos principais de glóbulos brancos que nosso corpo produz: os B ou T. Por fatores diversos, esses linfócitos sofrem mutação genética e transformam-se numa célula cancerosa. Após a mutação, a célula multiplica-se descontroladamente até formar o tumor.
Os linfomas classificam-se em dois grandes grupos: os de Hodgkin e os de não-Hodgkin. Dividem-se entre esses dois grupos, mais de 80 subtipos de linfoma.
O linfoma de não-Hodgkin, conhecido pela sigla LNH, é o mais prevalente e sua incidência tem aumentado. Nas últimas três décadas, sua incidência aumentou entre 3 e 5% ao ano. Atualmente, a quantidade de diagnósticos de pacientes com LNH é o dobro de pacientes com linfoma de Hodgkin, o LH.
Fatores de risco e sintomas
O processo de mutação genética que transforma uma célula saudável em cancerosa é conhecido como carcinogênese ou oncogênese. Ela acontece por fatores químicos, físicos ou biológicos.
No caso da mutação dos linfócitos tipo B ou T com o consequente desenvolvimento de linfomas, há alguns fatores de risco associados:
- Histórico familiar
- Infecções crônicas provocadas pelos vírus HIV ou HTLV
- Imunossuprimidos, especialmente por causa do uso intenso de imunossupressores
No caso do linfoma de não-Hodgkin, mais prevalente em pacientes acima dos 60 anos, a idade avançada também se configura como fator de risco.
O principal sintoma do linfoma é o aumento dos linfonodos, que incham devido à presença do tumor no local. Como nossos linfonodos estão principalmente no pescoço, axila e virilhas, o inchaço nessas regiões pode ser sinal de desenvolvimento de um linfoma.
Outros sintomas comuns no paciente com linfoma são:
- Febre alta
- Perda de peso repentina
- Anemia
- Cansaço excessivo, falta de ar e mal estar
Linfoma: diagnóstico e tratamento por meio da Medicina Nuclear
Por manifestar sintomas muito comuns em outras doenças, o paciente com linfoma precisa passar por uma sequência de exames até o diagnóstico ser concluído. Normalmente começa-se com um hemograma, para avaliar o risco da existência do linfoma.
Quando é identificado o risco, parte-se para os exames de imagem. Nesse momento, há atuação da Medicina Nuclear, seja para a realização de cintilografias ou do PET-CT.
A identificação e classificação exata do linfoma é feita por meio de biópsia. Para que ela seja devidamente realizada, é muito importante que um dos gânglios inchados seja removido, por inteiro, para investigação. A análise de um linfonodo integral é fundamental para identificar se o linfoma desenvolveu-se a partir de linfócitos tipo B ou T e de qual tipo e subtipo é o linfoma.
Para fechar o diagnóstico, realiza-se o exame de biópsia de medula óssea. Ele é importante para verificar se há o envolvimento da medula óssea no exame. Em outras palavras, é esse exame que verifica se a mutação genética está acontecendo na própria medula óssea ou se há linfomas ali instalados.
O tratamento do linfoma vai depender do estadiamento do câncer no paciente. A Medicina Nuclear já ofereceu alternativas de tratamento por meio de terapia radionuclídica, com o uso de radioisótopos do Ítrio, o 90-Y, e do iodo, o 131-I. Nos dias atuais o 131-I não é mais utilizado e o 90-Y, para esse tipo de tratamento, está em desuso em todo o mundo. Aqui no Brasil, atualmente, não há autorização para uso de nenhum radiofármaco para o tratamento de linfomas.
Um estudo recentemente publicado pelo Jornal de Medicina Nuclear da Sociedade de Medicina Nuclear e Imageamento Molecular apontou resultados promissores com o uso de um radioisótopo do Lutécio, o 177-Lu, para o tratamento de linfomas de não-Hodgkin. Assim, no futuro, podemos ter novos radiofármacos no combate aos linfomas.
Além de oferecer alternativas ao diagnóstico, a Medicina Nuclear também pode ser um importante apoio no monitoramento dos pacientes. Quem leu o texto sobre o PET-CT vai se lembrar que o exame é usado para reestadiar um paciente já tratado e verificar a recidiva do câncer.
Caso você esteja com suspeita de um linfoma, converse com seu médico sobre a possibilidade de fazer um PET-CT. Se você estiver na região de Porto Alegre, poderá fazê-lo no Inscer.
Se você é médico e quer conhecer mais sobre as possibilidades que a Medicina Nuclear traz para o diagnóstico, tratamento e monitoramento de linfomas, faça contato! Terei o maior prazer em explicar as alternativas da especialidade para ajudar seus pacientes.