Tratamento na Medicina Nuclear

No campo da Medicina Nuclear, as finalidades diagnósticas e terapêuticas são igualmente importantes. Contudo, foi por causa dos tratamentos que a Medicina Nuclear ficou mais conhecida. E essa fama se deve, principalmente, à importante participação da Medicina Nuclear nas terapias contra uma patologia grave e, infelizmente, recorrente: o câncer.

O estudo e a aplicação de materiais radioativos para tratar pacientes é um importantíssimo campo de atuação da Medicina Nuclear. Dado que as terapias da especialidade usam de altíssima tecnologia no combate a doenças graves, a médica nuclear tem um papel fundamental na equipe que acompanha o paciente. Além de planejar e acompanhar a administração dos radiofármacos, cabe a ela explicar, de forma acolhedora e clara, quais os benefícios que a tecnologia radioativa trará para a condição do paciente.

Por ainda serem pouco utilizados, especialmente no Brasil, os tratamentos na Medicina Nuclear não são muito conhecidos. Entretanto, por trás deles, há décadas de estudo científico de ponta. As primeiras experiências de administração de radiofármacos em pacientes são dos anos 1930.

 

Tratamentos da Medicina Nuclear: uma história de desenvolvimento científico

Ao apresentarmos os diagnósticos na Medicina Nuclear, destacamos a importância histórica das pesquisas de William Crookes, Wilhelm Röntgen, Antoine Becquerel, Ernest Rutherford, Paul Villard, Pierre e Marie Curie para o entendimento das propriedades radioativas dos materiais. Lembramos também dos estudos de George de Hevesy, os primeiros a investigar como efetivamente transcorrem funções biológicas com o uso de radioisótopos.

Tratamentos

Nas décadas de 1920 e 1930, após um avanço considerável nas pesquisas sobre finalidades diagnósticas dos radioisótopos, estes começaram a ser estudados para tratamento de pacientes. Em dezembro de 1934 o hematologista John Lawrence, irmão de Ernest Lawrence, vencedor do Prêmio Nobel de Física pela invenção do cíclotron, fez o primeiro uso de um radioisótopo com fins terapêuticos. John Lawrence administrou o radioisótopo fórsforo-32 – criado no cíclotron do irmão – num paciente de 28 anos com leucemia. O que John Lawrence não sabia era que ele estava usando radiofármacos com característica teragnóstica: terapêuticos e diagnósticos ao mesmo tempo.

Poucos anos depois, na década de 1940, já estavam sendo escritos os primeiros protocolos de tratamento de leucemia com o uso de radioisótopos. E a partir de 1944, com a publicação do Ato Público de Serviços de Saúde de 1944, emitido pela Agência de Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos, a FDA, os radiofármacos passaram a ser regulados e utilizados em tratamentos que não possuíam apenas fins científicos.

 

Funções dos radiofármacos nos tratamentos

Os radiofármacos são medicamentos desenvolvidos com materiais radioativos e que são inseridos no corpo do paciente, para fins diagnósticos e terapêuticos. Quando usados em tratamentos, normalmente são administrados em sessões que não exigem internação.

Como são formados por isótopos radioativos, os radiofármacos liberam radiação eletromagnética no processo de decaimento radioativo: o rompimento e consequente desintegração do núcleo atômico do isótopo.

Nos radiofármacos usados em tratamentos, normalmente o decaimento radioativo libera radiação alfa ou beta, que são capazes de destruir tecidos seletivamente. Assim, em pacientes com câncer, os radiofármacos atacam apenas as células dos tumores, preservando os órgãos e tecidos saudáveis.

Na prática acontece assim: o radiofármacos se liga aos receptores do câncer – proteínas que ficam na membrana externa das células cancerígenas e que tem a função de transmitir informação para o interior delas. Ao ligar- se aos receptores, o radiofármaco libera energia, provocando danos definitivos no DNA das células. Com a destruição do DNA, a célula cancerígena morre e, consequentemente, para de se reproduzir.

A terapia com radiofármacos, também conhecida como terapia radionuclídica ou “terapia direcionada” é uma das principais contribuições da Medicina Nuclear para o combate ao câncer. Mas há outra grande contribuição da especialidade no ramo conhecido como “teragnóstica”: campo da Medicina que preocupa-se em realizar o diagnóstico e tratamento ao mesmo tempo. No caso da Medicina Nuclear, alguns radiofármacos cumprem dupla função: emitem radiação gama para identificar os tumores e partículas alfa ou beta para destruí-los.

Se você é um médico que cuida de um caso de câncer ou é paciente já com tumor diagnosticado e quer entender melhor como a Medicina Nuclear pode te ajudar, fique à vontade para fazer contato! Terei o maior prazer em explicar como funciona a terapia radionuclídica e outras possibilidades de tratamentos.

Tratamentos

Nunca é demais lembrar que a atuação da médica nuclear está sempre em íntima conexão com o médico especialista que acompanha o paciente. Todos os procedimentos na Medicina Nuclear sempre são definidos conjuntamente, de forma acolhedora, respeitosa e bem explicada.