Cintilografia

Apesar do PET-CT ser o mais famoso procedimento diagnóstico da Medicina Nuclear, ele tem um antecessor que segue sendo importantíssimo para a especialidade: a cintilografia. Ela foi o primeiro exame da Medicina Nuclear e é uma ferramenta fundamental para estudar o funcionamento de diferentes órgãos do paciente.

A cintilografia, assim como o PET-CT, é um exame que gera imagens a partir da captação da radiação emitida pelos radiofármacos presentes no corpo do paciente. E se a gente parar para analisar, vai perceber que há muitas semelhanças entre os dois exames: ambos geram, como resultado final, imagens diagnósticas… Ambos funcionam a partir do princípio de captação da radiação para gerar as imagens…

Entretanto, existem várias diferenças entre os exames e são elas que apontam qual o mais adequado para cada situação. Neste texto, vou me dedicar a explicar os princípios de funcionamento da cintilografia e para quais situações ela é recomendada.

O que é?

A cintilografia tem esse nome porque a imagem do exame é formada por uma cintilação ou “brilho” que é detectada pelo equipamento usado no procedimento, a gama câmara. Quando há contato da radiação na câmara, acontece a cintilação.

A radiação é emitida pelo órgão ou tecido analisado é do tipo gama e é gerada pelo decaimento radioativo do radiotraçador utilizado, o que marca uma diferença em relação ao  PET-CT. Neste, o raio que provoca a cintilação é proveniente da emissão de pósitrons – radiação beta – e sua aniquilação com elétron.

A gama câmara, à distância, até pode gerar a impressão que se parece com um equipamento de ressonância magnética ou até mesmo o PET-CT. Mas eles são bem diferentes: a gama câmara pode ter de uma a três cabeças que operam em movimentos circulares em volta do paciente, podendo se aproximar ou afastar dele – mas sem nunca encostar. Além da principal diferença: a capacidade de captar radiação.

O procedimento para realização de uma cintilografia assemelha-se bastante ao da realização do PET-CT: o paciente recebe um radiofármaco – normalmente administrado de forma intravenosa – e o equipamento detecta a origem da radiação gama e, consequentemente, aponta para possíveis anormalidades moleculares nos órgãos ou tecidos que estão sendo examinados.

Cintilografia: para que serve?

O  principal papel da cintilografia é gerar imagens funcionais que ajudam a verificar a fisiologia de um determinado órgão ou sistema do corpo que pode estar alterada devido a uma doença.

Dentre os tipos mais conhecidos de cintilografia estão  a óssea e a miocárdica. Destacam-se abaixo algumas indicações comuns de estudos cintilográficos:

  • Cardiológicos → na pesquisa de viabilidade ou necrose miocárdica, além da identificação de possíveis isquemias 
  • Vasculares → para identificar edemas provocados por problemas de drenagem linfática
  • Ortopédicos → na avaliação do metabolismo dos ossos de todo o esqueleto, buscando por processos inflamatórios ou infecciosos
  • Gástricos → nas pesquisas de sangramento digestivo ativo ou intermitente, de divertículo de Meckel, entre outros
  • Endocrinológicos → na investigação da tireoide e paratireoide
  • Pneumológicos → para identificar a existência de coágulo nos pulmões, principal causa de embolia pulmonar
  • Oftalmológicos → na identificação da existência de obstruções nos canais lacrimais
  • Oncológicos → são diversas as aplicações, mas destaco as pesquisas de corpo inteiro, muito importantes para identificar possíveis quadros de metástase

Comparado ao PET-CT, a cintilografia é um exame cuja disponibilidade de realização é maior. Essa característica aumenta a capacidade do país de realizar esse tipo de exame e a custos menores.

O tecnécio 99 metaestável é um dos radionuclídeos mais utilizados nas cintilografias. E nunca é demais lembrar que a definição do radiofármaco a ser utilizado passa por uma análise multifatorial que leva em conta as suspeitas a serem investigadas, o órgão ou tecido a ser analisado e a disponibilidade do radiofármaco.

Apesar das imagens bidimensionais serem muito úteis, em alguns cenários a identificação de anomalias, patologias ou lesões, só será possível com a realização de SPECT, técnica mais sensível e que gera imagens tridimensionais (cortes tomográficos).

Pacientes e colegas médicos que já tenham mapeado a cintilografia como um exame que pode ajudar no diagnóstico, mas ainda tenha dúvida sobre sua realização, podem me procurar para tirar dúvidas! Terei muito prazer em explicar os benefícios e chamar a atenção para possíveis desvantagens do exame. Para os que estão na região de Porto Alegre, podemos agendar uma visita ao Inscer para conversar!